domingo, 27 de novembro de 2011



Lição de vida no banco do carona.... LINDO                       





Depois de ficar horas na fila de carona esperando a boa vontade de alguém para subir para UFLA, eis que pára um carro, cuja motorista era uma senhora de cabelos brancos e seus 67 anos (que viria a saber depois), eu entrei, agradeci por ter parado, e ela sorriu e o que se prosseguiu foi uma das melhores conversas que já tive na vida:



"-Nossa, fico indignado, o pessoal vê a gente na fila, sabe que a gente não tá aqui porque gosta, sabe que a gente precisa e mesmo assim não dão carona de jeito nenhum.

-Verdade. É muita gente né? A UFLA tá crescendo demais. Às vezes quando passo por aqui, fico olhando esse tanto de gente, fico pensando, será que essas pessoas todas sabem o que estão fazendo? É gente de tanto lugar... As pessoas daqui dizem que não dão carona pq estão cansadas, não estão com cabeça pra conversa, não são conhecidos... eu digo E daí, problemas todo mundo tem, cansado todo mundo fica e conhecer gente nova é sempre bom, e cá entre nós fazer o bem vez ou outra deixa a gente mais feliz... Acho q se vc tentasse pegar carona com uma placa dizendo: JESUS NO SEU LUGAR FARIA O QUE? Vc conseguiria mais rápido [risos]. Uma vez recebi um e-mail dizendo: “Deus não vai te perguntar que carro vc dirigia, mas quantas pessoas sem transporte vc levou no seu carro”, achei lindo... Se a gente parar pra pensar direitinho a gente acaba ficando doido: a gente estuda mais de 10 anos até entrar na faculdade, depois estuda que nem doido pra terminar a graduação, depois estuda mais ainda pra entrar no mestrado, pra sair dele, entrar no doutorado, sair dele, se especializar... Estudam pra que? Pra buscar o sucesso, se tornar um ótimo profissional, tudo bem, mas o preço que se paga por isso é muito alto, nessa correria danada, os pais ficam pra trás, os amigos se tornam desconhecidos, os irmãos nem se fala, as coisas que gostava de fazer já não fazem mais, o sorriso é de preocupação, as rugas começam a aparecer, o cabelo cai, festas não existem, e qndo vão o assunto é aquela chatice de experimentos, provas, teses, professores bla bla bla... conversa desse tipo é uma chatice, né [risos] Povinho stressado é esse povo de faculdade, sempre correndo, nunca tem tempo pra nada, mas querem fazer tudo, stress mata, meu filho, é a pior das doenças, pq é a porta de entrada pra todas as outras. Não to dizendo que vc não deve se dedicar, estudar e ser um bom profissional, mas não deixa isso tomar conta de vc não... se sua mãe t liga no meio dos seus estudos, dê atenção a ela, pergunte como vai, pq se nada aqui der certo é pro colo dela que vc vai correr, se sua vó acha que Agronomia (eu tinha dito o curso q faço) é pra trabalhar na roça, não a ache ignorante, sorria e dê um beijo nela... vejo que a maioria das pessoas que fazem faculdade se sentem o maioral, acham q sabem tudo, se tornam arrogantes... o pior é que quanto mais se estuda menos se sabe, vc tem q ir optando em seguir um caminho que se torna cada vez mais estreito,vc por exemplo, faz agronomia, depois q vc formar começa a trabalhar no mestrado com hortaliças, no doutorado so com alface, e depois so com um tipo de alface... e qndo vem alguém te perguntar o que é couve, vc não sabe, então; vc não acha que isso tbm seria ignorância? [ELA SEMPRE SORRINDO] As pessoas dizem que fazem faculdade, mas vejo a faculdade fazendo as pessoas, fazendo aqueles meninos e meninas que entraram com medo do trote se tornarem máquinas de fazer dinheiro, a faculdade não leva em conta que os alunos tem vida extra-sala de aula... Se matam de estudar pra depois de sei lá quantos anos arrumarem um emprego que vai tomar 15 horas do seu dia e que vai afastar seus amigos, seus filhos, sua esposa... tenho 2 filhos, todos 2 doutores, mas eles nunca deixaram de me dar atenção, me ligam todo santo dia, sempre estão comigo no meu aniversario e no Natal... Pra gente ser feliz às vezes temos que abrir mão de algumas coisas, mas tem gente que abre mão das coisas erradas...”
(Dona Carmem, 67 anos)

A conversa foi tão boa que fui parar perto do Ponto Frio com ela (eu moro na estação)"

Fica aí a lição para que a gente pense do que realmente vale a pena correr atrás e quais são as coisas certas que precisamos abrir mão. Uma coisa é fato: precisamos de dedicação na vida para que dêem certo nossas metas, a gente só não pode se deixar levar pelos exageros pensando que estamos fazendo o melhor. No fim das contas, a vida hoje precisa mesmo de uma palavra: equilíbrio. E é preciso ainda perceber Deus agindo nas mais simples coisas, tipo em uma carona.

Não é preciso nascer gente nova para construir essa civilização do amor que a gente sonha, ela precisa ser construída por essas mesmas pessoas que cruzamos todos os dias, na sala de aula, no laboratório, na cantina, no trabalho. E a nossa missão fica mais que clara: precisamos despertar nas pessoas seu lado bom, sua essência, a perfeição dada por Deus que acabou sendo ofuscada pelo mundo, e isso só se dará quando cada uma delas fizer sua experiência profunda com Deus.

By Rafaela Bastos Pereira

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